segunda-feira, 12 de maio de 2008

Tempestades.

Poderia desistir, continuar, chorar, gritar, positivar. E nunca o livre-arbítrio a incomodou tanto. Via-se correndo, molhada, esbaforida. Naquele momento desistir parecia-lhe digno. Mas ao pensar nele na praça, talvez também molhado, talvez a esperando, talvez não. Talvez se escondesse em algum toldo, talvez aceitasse a condição e a esperava arduamente. E positivar a impulsionava, fazendo-a acelerar o passo. Cada vez mais depressa, e molhada, e esbaforida, tropeça numa pedra. Aquilo talvez fosse um aviso, e era o que ela menos queria; um aviso. Preferia correr no escuro, desavisada; naquela altura já não tinha espaço para dúvidas. Ou tinha, e preferia que não tivesse. Sabia que todo clímax exigia uma ponte bamba, e continuou correndo; encharcada, desgastada... Ao chegar na praça já não tinha ninguém, talvez nunca tivera; mas a tempestade se fora, conduzindo-a à uma alegria inexplicável. E ficou ali sentada, seca, conformada e egoistamente extasiada.

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