segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

bondage

Berre! Enlouqueça! Chore! Qualquer coisa que me faça acreditar que desperto alguma angustia se ameaço fugir, que me faça crer que tu és capaz de sentir algo mesmo que trágico. Preciso me certificar de que algo bate aí dentro, se em algum instante algo pulsou por mim, por nós, por prazer, por comodidade, por qualquer coisa que me convença que de alguma forma valeu a pena. E se choras eu conseguiria enfim engolir a tristeza que tua indiferença me passa, conseguiria cuspir a bola que está presa em minha garganta desde que deixei me envolver com algo que me passava tanta frieza, tanta insensibilidade. Que vontade de vomitar! Vontade de por pra fora aquela culpa por ter te deixado ir tão fundo, ter aderido algo tão fraco a mim, tão podre, tão corruptível, tão inconsequente. Tudo isso pra suprir uma carência que nem sei de onde vem, mas que se não demonstrares nem uma pitada de pesar pela situação, pela dor que sinto, pelo ar que já está pouco nesse quarto sem janelas de tão rápido que tu estás me fazendo respirar, estarei enfim convencida de que mais vale ficar com ela. Sublima tua raiva nesse móvel de madeira velha, parta-o ao meio e me completa assim. Jogue esse porta-retrato com nossa foto na parede, quebra-nos no concreto dessa parede mofada. Que nós já estamos mofados há tempos, meses, anos, só me mostra que valeu as noites mal dormidas, as horas ao telefone, as garrafas de vinho, o aperto na cama, o amor dado gratuitamente. Ou só chora, só isso, dá-me uma lágrima tua, uma se quer. Assim juro ficar e inspirar contigo todo esse ar que já está rarefeito, até acabar e ficarmos caídos no chão num vácuo, sem ar, sem paz, sem satisfação alguma, cheio de mal entendimentos, mas ali um ao lado do outro, como tem que ser, como tinha que ser, ou só como eu quero que seja, talvez. Quanto masoquismo!

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