terça-feira, 7 de setembro de 2010

"O desejo é um tempo parado"

Esse sol deixa a gente assim mais mole, assim mais lenta, assim derretida, assim mais nua, assim se deixando escorrer em encontros casuais de fim de tarde, de começo de noite, de meio da madrugada, de dia inteiro, de mais de uma vida. Deixa um abafado que me obriga a tirar camada por camada, a arrancar a carapaça, rasgar esse tecido de linho que ainda recobre minha pele e meus ossos e meu coração que parece bater mais e mais e mais depressa. Teu corpo no meu sob essa bola de fogo escaldante – a gente sendo a própria bola de fogo, imunes a qualquer queimadura porque a chama não arde se formos brasa também. Pingando, pingando, pingando, devagarzinho... Transformando-se em uma calda homogênea que quase não dá pra saber o que, minutos antes, era meu ou teu. Pouco importa.

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