a zumbizar
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Socorro
Entregar-me
Me integrar a mim
Me entregar a mim.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Estou amando um Homo Sapiens
Então pensei: depois do respeito, a aceitação da humanidade do ser amado é o ponto mais importante pr’a se alcançar a plenitude no amor. Aliás, penso que ele só existe quando essa humanidade é aceita. Quando se reconhece no outro a fragilidade e fraqueza que também tem dentro de você. Ou não. Mas que, só por compor o amado, também te faz parte. E ninguém quer repudiar a si mesmo. Se aceita. Compreende-se. Ama-se. Andei pensando também que nos apaixonamos por príncipes e princesas, mas talvez só se possa dizer que alcançamos o amor quando enxergamos a criatura falível. Daí damos uma tapinha em suas costas, encostamos sua cabeça em nosso ombro e seguimos a estrada dizendo que tá tudo bem, tá tudo bem.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Para uma flor da estrada.
domingo, 21 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Lá vem ele!

terça-feira, 28 de setembro de 2010
metacorpóreo

A pele nos atenta para o fim de um e o começo do outro – a epiderme delimita-nos. O toque nos dá a prova empírica da impossibilidade de incorporar-se ao ser amado. E ficamos, assim, tocando-nos superficialmente, amando-nos superficialmente, emaranhando-nos superficialmente na tentativa de qualquer junção no fundo, na alma, no coração, ou em qualquer coisa que transpasse essa derme, essa epiderme, esses pelos, esse tecido...
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Tinha uma poça no meio do caminho
Primeiro a gente vê a poça. A gente analisa a dimensão da poça, calcula se a perna é suficientemente comprida pra chegar até a outra beira. Até o outro lado da mesma beira de ontem, de anteontem... A poça, assim como o poço, assim como a fossa, só tem essa interminável beira que sempre leva pro mesmo canto, p'ros mesmos lados.
Depois do primeiro pé levantado a gente aceita a possibilidade de cair na poça. A gente supõe que seja impossível se afogar numa pocinha. Ali, extensa e rasa no meio da rua cheia de outras poças menores e maiores e sozinhas nas suas condições de poças. No máximo a gente se contamina com a poça, com a água de chuva da poça. A gente se contamina é com a chuva. A chuva que deixou de cair em cima da gente pra cair na poça e descontar sua solidão de água de chuva isolada numa poça contaminando o pé que a julgou saltável. Mas nunca se sabe, até a perceber não saltável, o que a poça guarda embaixo daquela película de água de chuva que deixou de cair na gente pra formar aquele pequeno universo. A gente também tem um pouco de culpa das poças serem formadas e existirem e nos surpreenderem na rua do lado.
Depois do inverno são só elas que nos restam. Às vezes até tentadoras, refletindo uma rua que, estranhamente, parece mais bonita do lado de dentro da poça. Mas a gente tem que lembrar da água ressentida de chuva que a formou, tem que lembrar que poças nem sempre são saltáveis, ou tem que aceitar e pronto.
Meter o pé e ser um pouco de poça também, ser um pouco da água ressentida e isolada de chuva. Mesmo que mergulhe, mesmo que se afogue, mesmo que tenha que beber toda água da chuva pra achar a beira de sempre de novo. Levantar a primeira perna e aceitar o desconhecido da poça, aceitar o limite de água calma que separa o firme da rua, do duvidoso de dentro.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
with sense
A impossibilidade de impedir que uma perigosa afeição nasça me intimida. Chega de garrafas de vinho português, de meia-luz, de encontros casuais, de última sessão, de me envolver com essa tua voz mansa de quem não tem pressa! Só quero me envolver se me assegurares que eu me terei de volta caso as garrafas de vinho acabem, caso a luz me encandeie, caso haja desencontros ou a última sessão pareça tarde demais para se expor ao sereno da madrugada fria. Vai! Foge pra Zurique, Istambul, Budapeste, ou qualquer lugar que quando pensemos não nos remeta nada de marcante, nada de especial, nada de nós, nada do que passou, nada do que poderia ter passado. Só não fica aí com essa cara de quem pode me ferir, de quem tem muita energia condensada e que está disposto a me esfacelar gradualmente, de mansinho, que nem essa voz. Vai e libera esse fogo em tudo lindo que tu encontrares, me afasta dessa tentação. Mas me escreve. Promete escrever? Não, não precisa escrever se não tiveres o que dizer. Não quero te forçar a nada, requer intimidade demais, mas me manda fotos. Foto de qualquer coisa, não precisa ter sentido, o sentido está além, ele é tu, éramos nós – seríamos nós – é tu estar em qualquer lugar que não me remeta nada e mandar uma fotografia. Não precisa prometer voltar – não precisa nem voltar. Assim tua taça permanece aqui, sempre cheia.
domingo, 12 de setembro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
"O desejo é um tempo parado"

Esse sol deixa a gente assim mais mole, assim mais lenta, assim derretida, assim mais nua, assim se deixando escorrer em encontros casuais de fim de tarde, de começo de noite, de meio da madrugada, de dia inteiro, de mais de uma vida. Deixa um abafado que me obriga a tirar camada por camada, a arrancar a carapaça, rasgar esse tecido de linho que ainda recobre minha pele e meus ossos e meu coração que parece bater mais e mais e mais depressa. Teu corpo no meu sob essa bola de fogo escaldante – a gente sendo a própria bola de fogo, imunes a qualquer queimadura porque a chama não arde se formos brasa também. Pingando, pingando, pingando, devagarzinho... Transformando-se em uma calda homogênea que quase não dá pra saber o que, minutos antes, era meu ou teu. Pouco importa.